Papo de Vitrola

Ser feliz dá trabalho

Outro dia, abri o bloco de notas do celular (um costume ruim que tenho antes de dormir), e comecei a rascunhar algumas coisas. Fiz listas de coisas que quero comprar, e resolvi listar algumas coisas que me deixavam inspiradas – tipo de coisa que você faz quando não está.

 

Entre “comida“, “passeios” e “bala sabor mel“, eu escrevi meio sem pensar: “felicidade”. Olhei para aquela palavrinha ali, e o traço da próxima  fonte piscando. Acho que duvidei de mim, por querer tanto incluir isso na lista e não saber bem o motivo. Já premeditei: eu devo ser louca. Vão me achar louca. Céus, me internem!
 
Antes, começaremos assim: jamais este texto será uma verdade absoluta. Jamais. Mas ser feliz é difícil. Quase faz beirar o egoísmo. Quase faz esquecer onde dói, pois fomos ensinados de que é necessário. Esqueça, sorria, seja feliz. E passar da tristeza para felicidade é uma árdua tarefa: temos que aprender a lidar com emoções que parecem querer pular do décimo terceiro andar. Todas ao mesmo tempo, querendo dançar ragatanga na sua cabeça. De patins.
 
Vai parecer romantismo demais (e talvez, seja mesmo), mas sempre me inspirei muito na dor, no sofrimento. Céus. Que o destino não ouça e guie isso justo quando eu não queira. Mas, foi diante do sofrimento que sempre soube o que eu quis, assim, pra valer valendo, de verdade verdadeiríssima. No duro. Felicidade,  embora gostosa fosse, me deixa sem foco. Sem frases no guardanapo, e os chocolates passam da validade na despensa. Felicidade me faz passar da seção de congelados. Me faz esquecer de ligar para a amiga e afogar mágoas. Deixar que do outro lado, eu faça alguém sentir como se fosse parte muito essencial para mim. “O que seria de mim sem você“.

 

Longe de mim ser uma eterna depressão, uma tristeza infinita. Sequer consigo acordar mal humorada e fazer cara feia ao chupar limão. Mas a vida parece sempre precisar de um dramalhão japonês (superando os mexicanos), um toque de roteiro de Almodovar, uma cebola cortada com faca sem amolar (não tente isso em casa). Enquanto isso, saio na esperança de chorar pelo preço da jabuticaba, ou pelo filme sem legenda disponível.

 

Ser feliz, dá sim, trabalho. Alguém, muito feliz, de tão feliz, esqueceu de dizer isso.

 
 

(Renata no momento, encontrou felicidade num prato de salaminho e não chora há mais de 2 semanas. E conseguiu escrever este post. A vida tem exceções.)

 
 

JOtnFoG

(mais parênteses: gif de gatinho para vocês não acharem que é um post deprê)