Cinema, Papo de Vitrola

Esqueci o nome do filme que marcou minha vida

Como muitas outras coisas que esqueço na vida, exceto as inúteis

Quando eu era adolescente – por volta de 1999 -, meu irmão tinha uma locadora de VHS, aquelas clássicas que além dos filmes, tinha TVs pra jogar playstation pagando pela hora e salgadinho elma chips com tazo.

O dono de uma outra locadora local vendeu várias VHS para meu irmão “encher” a locadora, e meu irmão, já ciente de minha cinefilia juvenil, me deu uma função honorária: assistir a TODOS os VHS (eram cerca de 200) para ver se não tinha nenhum “mastigado” na fita, que causava danos na apresentação do vídeo.

um VHS com defeito na fita aparecia assim na TV

No meio dessa infinidade de filmes, assisti muita coisa boa, muita coisa ruim, e uma outra categoria que eu encaixei em “talvez eu nunca mais apague isso da minha cabeça”.

Nesta terceira categoria, assisti a um filme que já até cogitei ser um sonho. Mesmo perguntando pra todas as pessoas do universo e todos me olharem com cara de incredulidade, indiferença e até pena, e embora eu tenha uma imaginação muito fértil, não me sinto na capacidade de criar um roteiro tão audacioso. Eu assisti a essa obra prima da sétima arte, caro leitor.

Numa pegada bem frankensteniana, o filme tratava-se de um cientista que resolveu unir partes de várias pessoas – em boa parte no sentido literal mesmo, transgressores sociais – e transformar num único ser que vou chamar de Mateus.

Também conhecido como “ideia de girico”, já carregava a obviedade de que isso não era lá a melhor ideia científica: Mateus começou a ter lembranças do passado de cada parte costurada do seu corpo e sofrer consequências mentais disso. Uma dó, gente.

De qualquer modo, achei aquilo tão incrível, pois era um filme bem mal feito, o cenário num infinito branco e as partes do corpo do Mateus por vezes lembrava o clipe de Gotye (e se bem-mal me lembro, o frankenstein plagiado tinha cabelos longos também).

Achei incrível pois a história era HORRIVELMENTE clichê, o filme tinha uma produção toda perfeita pra dar errado, mas mesmo assim ele EXISTIA e eu fiquei “uau, e não é que dá mesmo pra colocar qualquer coisa nesse mundo, alguém vai assistir e pode até achar legal?”

e fazer um post num blog em 2019 sobre ele.

mas eu esqueci. esqueci o nome do filme que marcou a minha vida.

será que o Gotye já viu esse filme? fica a dúvida.