Papo de Vitrola

Amor nos tempos de bala

 

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Eu sou da época ( e olhem, eu nem sou tão velha assim) que o amor ainda era babaca. Mas eu digo um babaca assim, bonito. Que guardava flor num livro grosso pra ficar passadinho. Que ser anônimo também era ser corajoso, e era um ser esperado, que disparava o coração.

Tinha gente que chorava quando terminava namoro, não tinha essa de sair na balada na próxima semana afogar as mágoas sacudindo com tum-dis-tum-dis. E tinha caderno de música, onde cada refrão desafinado cantado no canto da casa aparentava trazer o amor de volta.

O amor já foi mais piegas. E eu gostava dele. Eu até tento aceitar esse jeito dele, moderno de ser, mas brigo muito por não conseguir aderir. Porque eu ainda prefiro o dolorido do amor antigo. O amor que gruda e diz que ama dizendo mesmo, não nas entrelinhas. Amor que faz coração na areia. Amor além de sms promocional e status no Facebook. Amor “só tenho olhos pra você”.

Eu até acho esse amor novo, rebelde, independente, positivo, inovador, um tanto simpático. Mas, manteiga mole que sou, eu prefiro bem mais o amor nos tempos de bala mesmo.