Papo de Vitrola

Uma infância inteira (para se envergonhar)

Olha, eu sei que quando somos crianças, por mais ridículas que sejam nossas atitudes, ela vai passar despercebida. Tipo quando eu recortei o Baby da Família Dinossauros da embalagem do biscoito e fiz minha mãe colar no meu uniforme, para orgulhosamente mostrar para os coleguinhas (e futuramente, chegar à conclusão que essa foi minha primeira – e única –  demonstração grotesca de fanatismo.)
Mas isso não é nada perto do bullying que minha mãe cometia com meu irmão e eu nas épocas chuvosas. Bem, fato é que nossa rua, naquela época era de barro. Daquelas que todo mundo tinha pavor de roupa branca porque se sujasse, não tinha dança da chuva que desse jeito. Lama que faz o pneu da bicicleta virar pneu de moto como mágica: diâmetro magicamente aumentado, sim, por la-ma.
Nossa mãe, que tinha uma espécie de TOC com a limpeza de nossos sapatos escolares, fazia com que fôssemos para a escola com sacolas de supermercado envolvidas no tênis. Olha, não parece nada demais, mas era vergonhoso, ok? Eu não sei explicar direito o que eu sentia na época, mas certeza que VERGONHA MASTER era só uma das sensações.

Meu irmão era malandro, e tirava no meio do caminho. Ele tinha uma reputação a zelar, e depois podia dizer que sujou o tênis jogando futebol. “Mas mãe, TODO MUNDO chega com tênis sujo…”. “E daí?… e toma a sacolinha extra pra colocar na volta!”
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                                                            senta e chora, bebê!