Papo de Vitrola

A quantas mãos se constrói uma casa?

Casa para mim já teve muitos significados diferentes. Eu já fiz muitas mudanças nesta vida – só morando em Ubatuba foram oito mudanças em um década, quase o equivalente a uma mudança por ano – e fazer tantas mudanças deixa você um pouco desplugado da conexão do que é moradia: coisas vão se perdendo ou ficando para trás, seguido de novas histórias que vão surgindo e se amontoando em novidades nem sempre bem aproveitadas e memoráveis. Nem sempre tão significativas e atreladas ao conceito de lar.

Quando me mudei de Ubatuba, retornando à minha cidade natal após dez anos, havia em mim um sentimento nostálgico e junto também expectativas de uma conexão que ia resignificar o que eu tinha por moradia. A junção do velho e do novo despertou em mim coisas que eu havia de categorizar, mais pra frente, processar e finalmente, ver as coisas numa ótica mais tranquila. Desta vez eu sabia que seria diferente de tudo que já vivi, porém com uma estrutura de tudo que eu já estava acostumada: as pessoas, a cidade, a casa onde eu passei toda minha infância.

Uma casa com história

A casa onde eu moro atualmente é a mesma casa que meus pais construíram por volta de 89. Meu quarto hoje em dia é o mesmo quarto – e meu primeiro quarto, mesmo dividido com meu irmão – de quando eu era criança. Eu tenho memórias vívidas de toda a casa, do quintal e de tudo que já vivi aqui numa época que eu nem sabia que era possível tornar real o sonho que eu tinha de ser uma artista quando crescesse.

Voltando à estrutura da casa – em sentido literal, mesmo – antes de voltar para cá, meu irmão ficou responsável pela obra antes da minha chegada. A gente se falava pelo WhatsApp e ele me mandava fotos de tudo que tava acontecendo, era tipo uma live da obra. A casa só tinha paredes, nada parecia ser possível ainda. Nada de ligação elétrica, água, nada. Então fizemos uma obra rápida apenas com o suficiente “habitável”.

Tão bom e tão difícil

Eu já tive responsabilidades grandiosas nesta vida e certamente eu adicionaria “casa própria” nela. Não é fácil construir coisas, administrar os percalços igualzinho em programa de TV de decoração: você quebra uma parede e descobre que precisa refazer o encanamento. Logicamente, nada financeiramente confortável como contar com uma equipe de TV. A real, você se vê sob um sol escaldante pesquisando qual o melhor preço de uma fechadura bico de papagaio e indignada que um rolo de fio custa muito mais do que você consegue ganhar por semana.

Das fotos acima até agora, muita coisa já foi feita e tudo sempre nivelando pela maior economia possível. Aqui é tudo feito de forma muito simples. Muita tinta que ganhei, muita madeira reaproveitada, muita ajuda do meu irmão, de um amigo pedreiro e do namorado super criativo e muita, muita mão na massa. Aos poucos, a casa vai ganhando cada vez mais a minha cara, mesmo que sem querer.

Um pouquinho de cada

O banheiro eu considero como a parte mais “acabada” da casa: não pretendo fazer mais nada estrutural nele, acho ele quase perfeito do jeito que está atualmente. Tem tudo que eu sempre quis em um banheiro, por assim dizer, dentro da minha realidade. E tem coisas de gatos, claro. O espelho dos sonhos que ganhei da sogra, prateleira que era lateral da cama da minha mãe e o namorado instalou, pia que comprei na promoção da Leroy Merlin e cortina com pequenos erros de sublimação que vou guardando, que costurei. Para quem for comprar no site, uma dica é usar o cupom da Leroy Merlin para economizar ainda mais.

Os quadros de gatinho também são da Leroy (na verdade são azulejos decorativos que colei com fita dupla face). O quadrinho na prateleira é da extinta lojinha do Rafa Noris: uma cena da minha obra surrealista alemã favorita, “O Gabinete do Dr. Caligari“. E tem plantinha, quadrinho que veio da Alemanha enviado pela Pam, necessaire presente da Fernanda Reali e vasinho de cerâmica presente da mamis.

Um pouco de cada de muitas pessoas queridas ♥

Eu não sabia como terminar este post cheio de reflexões, mas deixo essas fotos de paz e tranquilidade – e da Mary dormindo no vaso, não sei a obsessão dos gatos por vasos sanitários – como forma de finalização. Espero que você goste, e talvez, se inspire, tanto quanto eu.

Com carinho,

Re Vitrola